COMPANHEIRA
A solidão, pantera e companheira,
Que ao menos acalenta em seu regaço,
Trazendo o quanto possa em mundo escasso,
Ousando na ferida costumeira,
E quando na verdade a sorte esgueira
E nisto outro cenário turvo eu traço,
Quimera ora se molda enquanto faço
Da sórdida expressão, rude bandeira.
Em átomos formada a eternidade
No corpo, mesmo em vida, putrefato,
O tanto que se traça e já se evade,
Escárnios enfrentando, enquanto esbarro,
Na luta onde deveras desacato,
Sorvendo da esperança o ledo escarro.
RITA DE CASSIA TIRADENTES REIS e marcos loures
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